CULTURA E ARTE

O Teatro de Pirenópolis

Monumento histórico e arquitetônico de Pirenópolis, o Teatro Sebastião Pompeu de Pina, também conhecido simplesmente como Teatro de Pirenópolis, é uma construção do século XIX, faz parte do acervo patrimonial do perímetro tombado e é um dos mais importantes teatros do Brasil.

Foi tombado pela AGEPEL com a Lei Estadual nº 8.915, de 13 de outubro de 1980, e pelo IPHAN, por estar no Centro Histórico de Pirenópolis, e o mesmo tendo sido tombado em 1989.

Construído entre 1889 a 1901 quando Sebastião José de Siqueira doou o terreno a Sebastião Pompeu de Pina, que começou a construção com ajuda de donativos vindos de conterrâneos, com a venda de roupas, alimentos e animais, leiloado em praça pública. 

Ao ser inaugurado, superlotou o salão. Segundo conta a tradição oral, os espectadores prestigiaram a encenação da peça “O Judeu”, de Antônio Manuel, encenada por pirenopolinos. 

Em 1916, a Câmara Municipal que contribuiu com a construção do edifício, decidiu anexá-lo ao Patrimônio Municipal, movendo ação judicial, que lhe foi negada. 

Em 1945, passou a funcionar como cinema. Posteriormente viria a sediar uma serraria, uma fábrica de móveis, comércio, virando até mesmo um bar. 

Em 1980 o Governo do Estado adquiriu o prédio restaurado-o. Ele foi reinaugurado em 1984, voltando a funcionar até 1997 quando foi interditado para voltar a receber o público em 1999. 

Com esta última reforma foram instalados equipamentos de som e luz, oficinas e depósitos sob o palco, além de camarins, e 160 poltronas na platéia – com o uso do mezanino, há a possibilidade de acomodar até 230 pessoas – e palco com 7 x 7 m (49 m²) e 4,5 de altura, ciclorama e camarim subterrâneo.

Em 2009 passou por reparos, dentre eles a integração com o Entroncamento Cultural, por meio do qual a propriedade foi ligada diretamente ao Cine Pireneus.

Está desativado para restauração, mas a previsão é de retorno de pleno funcionamento ainda em 2023.

TEATRO DE PIRENÓPOLIS

Endereço: Centro histórico – largo da Matriz, s/n 

Horários: Fechado momentaneamente para a visitação

 

Museu do Divino, Casa de Câmara e Antiga Cadeia

A Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis foi a primeira cadeia do estado de Goiás, sendo construída em 1733 no Largo da Matriz de Pirenópolis.

A casa histórica foi demolida em 1919, construindo-se uma réplica no Largo da Ponte Velha. 

Em 1999, devido às péssimas condições em que se encontrava, a Câmara Municipal deixou o local, ocupado provisoriamente pelo Corpo de Bombeiros. 

Em 2005 começou uma restauração promovida pelo Iphan, com um custo de 240 mil reais vindos dos cofres federais. Após a restauração foi criado o Museu do Divino Espírito Santo no local.

O Museu do Divino foi inaugurado em 7 de outubro de 2009, em alusão às comemorações pelo 282º aniversário da fundação da cidade. Abriga o acervo e memórias da Festa do Divino Espírito Santo.

 

MUSEU DO DIVINO

HORÁRIO: 

quinta a sábado, das 8h às 17h;

domingo das 09h às 14h;

INGRESSO: gratuito.

CONTATO: 62 – 3331 2914

Cine Pireneus

O Cine Teatro Pireneus situa-se na rua Direita, uma das mais charmosas de Pirenópolis, e foi construído em 1929, pelo padre Santiago Uchôa, em estilo neoclássico. 

A planta original seguia o modelo do Teatro da cidade, composta de vestíbulo, plateia central, galerias laterais e palco.

Em 1936 sofreu uma reforma, com a eliminação das cornijas, substituição do frontão triangular por outro escalonado e marcação da fachada com faixas verticais. Foi quando virou cinema e teve sua fachada alterada para o estilo “Art Decó”. 

O cinema funcionou por vários anos. Por ali passaram o cinema mudo, o cinema mudo com som e sonoplastia de orquestra ao vivo, o cinema falado, sendo o “Médico e o Monstro” o primeiro filme falado a ser exibido.

Em 1950, passou por uma nova reforma, alterando novamente a fachada. 

Aproximadamente na década de 70, com a chegada da televisão em cores à cidade, o cinema foi fechado. Posteriormente, na década de 80, o edifício teve o telhado destruído após um incêndio, ficando apenas a parede da fachada em pé. O prédio ficou em ruínas por quase 30 anos.

Entre 1999 e 2000, o prédio foi totalmente restaurado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A reconstrução foi baseada em um programa que visava a possibilidade de uso do local, tanto para cinema, quanto para teatro.

A dupla função refletiu na própria fachada: na parte externa, voltada para a Rua Direita, foi mantido o estilo art-déco, e na interna, o estilo neoclássico de sua primeira versão.

O cinema e o teatro foram ligados pelos fundos, onde foi construída a Praça dos Quintais, inaugurada em 2010. Também chamado de Entroncamento Cultural, a praça possui sala para ensaio, exposições e café. 

Um terceiro palco foi criado, junto à fachada posterior do cinema, voltado para um anfiteatro a céu aberto. 

Hoje funciona como espaço teatral, cinema , galeria e apresentações musicais.

 

Fonte: Fontes: CAVALCANTE, Silvio e Neusa. Barro Madeira e Pedra, Patrimônios de Pirenópolis, pág. 155-167, 2019. 

 

CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis Coletânea 1727-2000: História, Turismo e Curiosidades, pág. 42, 2001.

 

RESPONSÁVEL: Sec. Cultura Pirenópolis

ENDEREÇO: Rua Direita, s/n – Centro | 72980-000

Pirenópolis – GO

CONTATO: (62) 3331.2657/ @cinepireneus

MUSEU LAVRAS DO OURO

Reserva localizada a 3 Km da cidade de Pirenópolis-GO.

Museu de peças utilizadas pelo garimpo da época, principal fonte de renda do início do povoado, local oferece uma trilha entre a mata ciliar do Rio das Almas, abriga uma vasta galeria (canais) composta por muros de pedra, usados para a lavagem do ouro.

Podemos observar que o metal era localizado dentro de pequenas formações rochosas da região que eram quebradas pelos garimpeiros da época, entre eles escravos e índios para exploração lavras auríferas do século XVIII.

Local para Grupos de estudos, apropriado para visitas técnicas de escolas e faculdades.

Fonte: 

Link

FUNCIONAMENTO: Aberto todos os dias, as 8h às 16h

INGRESSO: R$ 20,00 (por pessoa)

Ideal levar roupa para banho de Rio

MUSEU RODAS DO TEMPO

Rodas do Tempo é a realização de um sonho de quem, por mais trinta anos, procurou resgatar e restaurar veículos antigos motorizados de duas rodas. São motocicletas, bicicletas motorizadas, scooters e veículos com mais de duas rodas que possuem motorização de motocicleta ou scooter.

No processo de resgate destes veículos, a bicicleta também foi incorporada. Afinal, a motocicleta é o resultado da motorização da bicicleta que, historicamente, a antecedeu. Bicicletas de passeio masculinas e femininas, bicicletas esportivas e veículos representativos da evolução da bicicleta estão expostos.

O visitante ainda poderá conhecer uma coleção de brinquedos antigos. Esta coleção está centrada num conjunto expressivo de brinquedos à corda de  décadas anteriores a 1980.

Rodas do Tempo contempla uma proposta educativa e cultural. O resgate da história de veículos de duas rodas permite ao visitante, de qualquer idade, admirar sua evolução tecnológica e social através dos tempos.

O  museu Rodas do Tempo está localizado na Av. Prefeito Luiz Gonzaga Jayme nº 172, Alto do Bonfim, Pirenópolis – Go, CEP 72980-000.

Horário de Funcionamento:

de segunda a domingo

de 9:00 às 17:00 hs

Ingressos:

Adultos:  R$ 50,00

Idosos, estudantes, motociclistas, ciclistase

Menores de 12 anos: R$ 25,00

Crianças menores de 5 anos não pagam.

Observação:

O museu Rodas do Tempo pode viabilizar outros horários para a visita de grupos agendados. Para verificar disponibilidade entre em contato pelo telefone (062) 3331-2487 ou pelo e-mail contato@rodasdotempo.com.br

O Folclore e as Festas Populares

Pirenópolis é conhecida internacionalmente por suas manifestações folclóricas, a exemplo das famosas Cavalhadas e da Festa do Divino. 

Outras festas fazem também a graça do povo pirenopolino, que mantém tradições e costumes que o cidadão metropolitano não vê, como as procissões e festas na cidade e nos povoados, com barraquinhas, fogueiras, queima de fogos, leilões, ranchões e celebrações sacras e populares da cultura local, com culinária regional e show de preservação cultural.

Em Pirenópolis, há quem conte o tempo pelas festas. A Festa do Divino Espírito Santo faz parte de uma rede de festas religiosas que envolvem a cidade e seus povoados.  

Além de várias Nossas Senhoras (Santana, Rosário, Fátima, Aparecida), a população local festeja inúmeros outros santos, da Folia de Reis, em janeiro, até a Festa de São  Judas Tadeu, em outubro. 

Sem falar do Divino, sua maior devoção. Merece destaque a Festa da Santíssima Trindade, que dá pretexto à famosa “Festa do Morro”, na lua  cheia de julho, quando boa parte dos moradores da cidade “se muda” para acampamentos na Serra dos Pireneus. 

Essa sequência de festas revela a profunda religiosidade que permeia e estrutura a sociabilidade local: as festas organizam a economia, informam a geografia, a história, a tradição e a memória local.  

Semana Santa

As festividades da Semana Santa em Pirenópolis ainda mantém características tradicionais das festas populares regionais. Suas missas e procissões carregam o fervor dos católicos e a beleza das imagens e paramentos usados pelos fiéis religiosos embelezando as ruas e casarões antigos do século XVIII.

São encenados os principais rituais da paixão, morte e ressurreição de Cristo:

Semana das Dores

Começa na sexta-feira anterior à Semana Santa, quando iniciam-se os rituais com missa e procissão de Nossa Senhora das Dores, saindo da Igreja Matriz do Rosário, com circuito de ida e volta pelas ruas do Centro Histórico.


Procissão do Senhor dos Passos 

Ápice de um ciclo ritual que reproduz os momentos finais da vida de Jesus: recorda a perseguição, a condenação e a flagelação sofrida por Cristo, além do encontro entre mãe e filho a caminho do Calvário. 


Procissão de Ramos 

Recordando a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, no Domingo de Ramos. Às 8h sai a procissão e bênção dos ramos da Matriz do Rosário até o Salão Paroquial.


Procissão do Encontro 

Representação do encontro de Jesus e Maria na Via Crúcis. As mulheres saem em cortejo da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário e os homens saem da Igreja do Carmo, para encontrarem-se no meio do caminho. 


Procissão do Depósito 

Cortejo com a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo (imagem de roca em tamanho natural) que sai da Igreja do Bonfim, e é levada à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Relembra a prisão de Jesus Cristo. 


Ceia do Senhor

Na Quinta-feira Santa, às 20h, é encenada a Ceia do Senhor, transladação do Santíssimo Sacramento e encenação da prisão de Jesus, no Largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. 


Meditação das Sete Palavras de Jesus na Cruz

Celebração que traz a coleção de sete breves frases, segundo a tradição pronunciadas por Jesus durante sua crucificação. É tradicionalmente celebrada à noite na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. 


Ofício das Trevas

A Liturgia realizada através da leitura de salmos, lamentações e cantos em latim, traz reflexões sobre as dificuldades vividas por Jesus Cristo no final da vida. 


Missa do Crisma 

Missa realizada na Quinta-feira Santa na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. Consiste na Bênção dos Santos Óleos, que são os óleos do Crisma, dos Enfermos e do Batismo. 


Missa de Lava-pés

Relembra a Santa Ceia de Jesus com seus discípulos, quando Ele lavou os pés dos seus apóstolos, gesto que transmite a mensagem de que o cristão deve ser humilde e servidor.


Via Sacra

Na Sexta-Feira Santa é realizada a Via Crúcis, encenação com a participação de atores locais, representando as principais cenas da Paixão de Cristo. 


Procissão do Senhor Morto

No mesmo dia, às 19 horas, tem a Procissão do Senhor Morto pelas ruas históricas, rito tradicional que relembra o momento em que os discípulos retiram o corpo de Jesus Cristo da cruz para sepultá-lo. A caminhada é uma forma de levar à comunidade os preceitos seguidos pelos cristãos.


Canto da Verônica 

Como uma forma de anunciar ao público a morte de Cristo e expor a dor, a procissão toma conta das ruas do Centro Histórico, lembrando a todos do sofrimento de Cristo. 


Domingo de Páscoa

Além das várias missas que resgatam a celebração da ressurreição de Cristo, o Domingo de Páscoa de Pirenópolis também é marcado pela Saída da Coroa do Divino Espírito Santo e a tocada da Banda Phoênix. 

Festa do Divino Espírito Santo

Considerada uma das mais tradicionais festividades religiosas de todo o país, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis foi reconhecida pelo Iphan em 2010, como Patrimônio Cultural do Brasil. 

Inscrita no Livro de Registro das Celebrações, a festa ocorre desde 1819, sempre no período de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa. 

Durante quase 30 dias, a comunidade pirenopolina se envolve em novenas, folias, alvoradas, pousos, cavalgadas, apresentações folclóricas e rituais religiosos, que envolvem a comunidade da zona rural e urbana em torno das bênçãos do Divino.

Considerada a mais relevante manifestação de devoção ao Divino do país, a festa desempenha papel central na formação da identidade cultural local: um jeito próprio de viver e sentir o mundo onde não há um  tempo “antes” e um tempo “depois da festa”, nem distâncias intransponíveis entre o  catolicismo oficial e o catolicismo popular. 

O Divino Espírito Santo não é santo de procissão, nem de romaria. Não é santo de brancos ou de negros, nem mesmo santo padroeiro Ele é. 

Na forma de pomba, fogo, neblina, nuvem ou vento, anuncia a chegada de um novo tempo através da  propagação de seus sete dons: fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento,  piedade e temor de Deus. É a chegada do Império do Divino Espírito Santo, marcado  pela partilha entre os homens e entre a terra e o céu: o Divino chega ao homem, o  homem divino é. 

É santo mais de agradecer do que de pedir. Na verdade, é santo de festejar. E a Festa  do Divino Espírito Santo é a forma que a cidade de Pirenópolis encontra desde seus primórdios para  festejar a sua maior devoção. 

Não são conhecidos registros sobre como e quando estes festejos chegaram ao centro-oeste do país. Alguns autores, todavia, confiam na hipótese de que a Festa do  Divino venha sendo festejada desde a fundação do arraial, na primeira metade do século 18, então chamado Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meya Ponte.  

Entretanto, o primeiro registro histórico da realização da Festa do Divino Espírito Santo  em Pirenópolis é de 1819, em um período particularmente importante para as festas populares que, com a vinda da família real para o Brasil, se intensificaram em forma de cerimônias públicas, abrindo lugar para a consolidação de um imaginário onde “se  punha a pátria no altar” (MORAES FILHO, 1979). 

Deste modo, ao mesmo tempo em que se enaltecia a pátria e se perpetuava a devoção ao Divino, a festa ia se inscrevendo e se refazendo “na diacronia,  incorporando traços, esquecendo outros, dando novos conteúdos a antigas formas ou,  ao contrário, atribuindo novas formas a antigos conteúdos”. 

Nesse eterno refazer, a  festa permanecia dialogando com a história, com as condições locais e com as circunstâncias do cotidiano, que, absorvidas pelos festejos, podiam ou não vir “a  integrar o estoque simbólico acessado no ano seguinte” (MACEDO, 1998:4). 

Assim,  foram se atualizando e, ao mesmo tempo, se reiterando às tradições locais. 

É também neste período que a então Meya Ponte, por sua privilegiada situação geográfica, entra na rota do “Brasil dos Viajantes”, sendo foco da atenção de artistas, cientistas e naturalistas que dela registraram suas impressões através de descrições, narrativas, aquarelas e aguadas. 

Estes e outros acontecimentos certamente contribuíram para que Meya Ponte iniciasse a construção de um novo olhar sobre si mesma e suas tradições: mesmo  sendo anteriormente festejada, é a partir de 1819 que a Festa do Divino “entra para a  história” local. 

Desde então, a relação de eventos e a lista dos imperadores do Divino passam a ser caprichosamente colecionados e divulgados na programação oficial da Festa, a cada ano.

Por outro  lado, este marco de fundação da festa convive e divide espaço com outra construção,  já mencionada: a de que a Festa do Divino é tão velha quanto a própria cidade, compondo, para muitos, seus mitos de fundação (JAYME, 1971 e BRANDÃO, 1978). 

No livro “O Divino, o Santo e a Senhora”, o antropólogo Carlos Rodrigues Brandão  sintetiza a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis como “uma série de  seqüências simbólicas de atuação, com graus diversos de formação ritual, distribuídas  entre comemorações coletivas em situações de rezar, comer e festar” (1978:37). 

Desde então, a relação de eventos e a lista dos imperadores do Divino passam a ser caprichosamente colecionados e divulgados na programação oficial da Festa, a cada ano.

Por outro  lado, este marco de fundação da festa convive e divide espaço com outra construção,  já mencionada: a de que a Festa do Divino é tão velha quanto a própria cidade, compondo, para muitos, seus mitos de fundação (JAYME, 1971 e BRANDÃO, 1978). 

No livro “O Divino, o Santo e a Senhora”, o antropólogo Carlos Rodrigues Brandão  sintetiza a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis como “uma série de  seqüências simbólicas de atuação, com graus diversos de formação ritual, distribuídas  entre comemorações coletivas em situações de rezar, comer e festar” (1978:37). 

Folionas dançam catira em pouso na Folia da Rua deste ano Foto: Saulo Cruz - 2008

Os participantes sempre enfatizaram sobre a importância de transmissão da tradição: aprender com os pais (ou com a família) e  repassar para as próximas gerações. 

Depoimentos dessa natureza são reiterados em todas as oportunidades de realização da festa: Império, Folias, Cavalhadas, Reinado e, obviamente, nas Cavalhadinhas. 

Vale destacar que reproduções espontâneas das Cavalhadas sempre ocorreram como “ensaios” ou brincadeiras da meninada, e continuam sendo realizadas todos os anos em alguns bairros da cidade, de forma mais  ou menos organizada. 

Além desses, existem outros espaços e situações onde a comunidade trata de transmitir suas tradições para as novas gerações, como a Banda de Couro, o Congo e a Contra-Dança, além da Catira e das Pastorinhas infantis. 

Também merecem destaque as virgens e anjinhos que acompanham os cortejos do Imperador no Domingo do Divino. 

Este grande mecanismo – refazer e honrar a tradição familiar de  envolvimento com os festejos do Divino e, assim, praticar a sua devoção – confirma o fato de que as famílias locais são as principais protagonistas da festa.

A Folia do Divino

Comissão religiosa que, em procissão, à pé ou à cavalo, percorre diversas casas (Folia Urbana) ou fazendas (Folia Rural) carregando consigo as Bandeiras do Divino, oferecendo as Bênçãos de Divino, recolhendo esmolas e convocando o povo para a Festa.

Novenas do Divino Espírito Santo

São acompanhadas por missas, orquestra e coral, seguida da queima de fogos, tocata das Bandas Phoenix e Couros, e repique de sinos.

Apresentação de grupos folclóricos

Na casa do Imperador do Divino e pelas ruas da cidade – Congadas, Catiras, Banda Phoenix, Banda de Couros – compõem diversas manifestações pelas ruas e em construções históricas e coloniais.

Entrega de Lanças

Os Cavaleiros entregam as suas lanças ao Imperador do Divino aos finais do ensaio para as Cavalhadas.

As Pastorinhas

Trazida para Pirenópolis pelo telegrafista nordestino Alonso Machado, As Pastorinhas é um auto natalino bastante conhecido no nordeste, onde é conhecido como Pastoril. 

Trata-se de uma peça teatral cantada, que relata a anunciação do nascimento de Jesus.

Apesar de ser uma peça natalina, em Pirenópolis, desde o primeiro ano de apresentação, em 1922, As Pastorinhas, sempre foi apresentada durante a Festa do Divino.

Levantamento do Mastro

Grupo de senhores da Irmandade do Santíssimo Sacramento levantam com varas um mastro de cerca de quinze metros com a bandeira do Divino.

Cortejo Imperial

Cortejo do Imperador até a missa, ostentando a Coroa e o Cetro Imperial, acompanhado por seus familiares, pelas Virgens, banda sinfônica e público.

Missa de Pentecostes

Solene missa com execução de peças musicais românticas do século XIX pelo Coral de Nossa Senhora do Rosário e sorteio do novo Imperador (festeiro responsável pela realização da Festa do Divino) do ano seguinte.

Reinado de Nossa Senhora do Rosário

Consiste na consagração do Rei e da Rainha de Nossa Senhora do Rosário. Com missa, banda de música, cortejo e farta distribuição de doces e salgados ao final.

Juizado de São Benedito

Consagração dos Juízes de São Benedito. Com missa, banda de música, cortejo e farta distribuição de doces e salgados.

As Cavalhadas de Pirenópolis

Reconhecida como uma das mais significativas cavalhadas do Brasil, esta festa virou símbolo e modelo para outras cidades. Foi eleita a Festa do Ano no Prêmio Internacional Passaporte Aberto, concedido pela Organização Mundial dos Periodistas em Turismo (OMPT).

A pompa, a tradição e a seriedade desta manifestação envolve toda a população que espera ansiosamente por este momento.

A encenação das Cavalhadas em Pirenópolis dura 3 dias, começando sempre no domingo, e acabando na terça. É uma representação dramática. Um teatro ao ar livre que encena uma batalha medieval. As Cavalhadas sempre foram corridas ao som de uma banda de música ao vivo – a banda Phoenix. 

As Cavalhadas consistem na representação das batalhas entre mouros e cristãos que remontam às lutas travadas por “Carlos Magno e os Doze Pares de França, contra os sarracenos, pela libertação da península Ibérica” (PEREIRA, JARDIM, 1978:82). 

Para muitos, são sinônimo da Festa do Divino, mas são apenas uma parte do festejo.

Embora frequentes no Brasil, segundo os registros disponíveis, foram pouco encenadas em Pirenópolis durante o século 19 e a primeira metade do século 20 (JAYME, 1971). 

A apresentação sistemática das Cavalhadas durante os festejos do Divino se inicia a partir da década de 1960, coincidindo com o processo de patrimonialização da festa, impulsionado principalmente pela intervenção de órgãos estaduais de turismo empenhados em construir uma identidade cultural regional. 

Por outro lado, este processo facilita a transformação da memória cultural local em  “consciência da tradição”, mobilizando também a população no esforço do resgate de suas tradições. 

As Cavalhadas são para muitos, o maior espetáculo da Festa do Divino e reúnem o maior público de todos os eventos que a compõem. Para a comunidade local e para os cavaleiros representam também um ato de devoção e renovação da fé no Divino Espírito Santo. 

Mascarados

Personagens populares típicos das Cavalhadas que saem às ruas fantasiados e mascarados (a cavalo e a pé). Segundo a tradição local, eram os escravos e agregados que, para participarem da festa sem serem reconhecidos, saíam de máscaras, já que não tinham autorização para participar.

Os Mascarados são tão grande atração quanto os cavaleiros Mouros e Cristãos das Cavalhadas. Conhecidos também como “Curucucús”, por causa do som que emitem, são pessoas que se vestem com máscaras, roupas coloridas, luvas e botas. Mudam a voz ao falar e cobrem todo o corpo para que ninguém os reconheça. 

Enfeitam seus cavalos com fitas, tecidos, plantas e tudo quanto a criatividade mandar. Tradicionalmente existem vários tipos. Os mais tradicionais são aqueles com máscara de cabeça de boi, seguidos pelos que usam máscaras de onça, máscara de homem, e mais recentemente apareceram aqueles com máscaras de borracha. 

No Sábado do Divino já saem às ruas à galope em algazarra. Pedem com vozes fanhosas cervejas e cigarros aos transeuntes e divertem a população com suas acrobacias e brincadeiras.

São irônicos e debochados, fazendo críticas aos poderosos e ao sistema. E, ao contrário da rigidez dos Cavaleiros, entre os Mascarados não há regras, tudo é permitido, menos mostrar sua identidade.

CORPUS CHRISTI

O dia de Corpus Christi é uma celebração em que a Igreja Católica comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, sendo o único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai em procissão pelas ruas das cidades.

Surgida no séc. XIII, conta a história que, quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a verter gotas de sangue sobre o corporal após a consagração, em virtude da dúvida que o padre teria da presença real de Cristo na Eucaristia.

Em Pirenópolis, as comemorações de Corpus Christi são muitas e se iniciam na noite da quarta-feira posterior ao fim das Cavalhadas, se estendendo durante toda a madrugada, quando a comunidade se reúne para elaborar um tapete confeccionado com serragem, folhas e flores no trajeto pelo qual a procissão passa ao alvorecer. Esta ornamentação acontece desde a década de 1980.

Após a procissão acontece a descida do mastro do Divino Espírito Santo, uma cerimônia que tem lugar na frente da Igreja Matriz.

Pela tarde acontece, na Vila Matutina, o início das festividades de representação das Cavalhadinhas Mirins, que são a versão das Cavalhadas encenadas por crianças utilizando cavalos de pau no lugar dos animais. Ainda pela tarde, os Mascarados ganham as ruas da cidade alegrando as pessoas.

No início da noite, acontece a transferência da Coroa do Divino, que ainda se encontra na residência do Imperador do ano para o Imperador do próximo ano (sorteado no Domingo de Pentecostes).

Reza a tradição que um cortejo iniciado na Casa do Imperador atual, acompanhado pela Banda de Música Phoenix e pela população, siga em direção à residência do Imperador do próximo ano para uma farta distribuição de “doces”, acompanhada de muitos fogos numa demonstração de como será a festa.



CAVALHADINHAS

A Cavalhadinha, por sua vez, ocorre em lugares próprios, na Vila Matutina, por exemplo, e diferentes bairros. A  Cavalhada-Mirim mais tradicional, com a apresentação de todos os pequenos personagens da festa, acontece no campinho da Vila. 

As celebrações litúrgicas da festa, o levantamento dos mastros dos santos do Reinado e do Divino, a queima das fogueiras e o sorteio dos  encargos são realizados na “Praça da Santa”, neste caso. 

A queima de fogos também acontece à beira do Rio das Almas, em um lugar conhecido como “Lages”, onde os moradores da Vila costumam tomar banho de rio. 

 

 

FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Período: Pentecostes (50 dias depois da Páscoa)

Local:

Na cidade – Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Casa do Imperador, pelas ruas e casas, Teatro Sebastião Pompeu de Pina, Beira rio.

Na zona rural – Pousos de folia em fazendas e nos povoados.

 Duração: Cerca de 23 dias

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